Espaço Cultural 2 de Julho: um palco de memórias de quem ?

O que antes era um espaço para contemplação que promovia viagens imaginárias no tempo, hoje foi transformado em Espaço Cultural 2 de Julho, uma espécie de antessala da Reitora - uma forma de se sentir na própria casa, mesmo estando no trabalho.

POLITICA

Equipe Nas entrelinhas

9/29/20233 min ler

                                  “Onde estão as fotos dos dirigentes da Escola Técnica que tinha aqui? Que fim levou?”

Melancólico! Este é o adjetivo que melhor qualifica o momento vivenciado por uma servidora aposentada ao adentrar o espaço da Reitoria do IFBA e se deparar com o que antes era a Galeria de Dirigentes a qual abrigava não somente fotos dos antigos e até mesmo dos mais recentes diretores, mas também fatos e momentos históricos do passado institucional.

O que antes era um espaço para contemplação que promovia viagens imaginárias no tempo, hoje foi transformado em Espaço Cultural 2 de Julho, uma espécie de antessala da Reitora - uma forma de se sentir na própria casa, mesmo estando no trabalho. O Espaço Cultural 2 de Julho expõe fotos dos diversos eventos e momentos idealizados, realizados ou com a participação da mandatária, um espaço personalístico. Em um ambiente privado seria perfeitamente aceitável. Mas, queremos crer que ainda estejamos em um órgão público.

Os servidores mais antigos, ao transitarem pelo espaço da então Galeria de Dirigentes, eram tomados por um sentimento de nostalgia e por alguns instantes, ao contemplarem as fotos e os fatos a elas associados, deixavam-se conduzir em uma viagem imaginária de volta ao passado de décadas. Os servidores mais novos, ou visitantes e alunos, ao transitarem pela galeria e contemplar aquela riqueza histórica, eram tomados pela curiosidade e assim como os mais antigos, deixavam-se levar pela mesma viagem imaginária, mas não com o mesmo sentimento de nostalgia e sim, com a curiosidade de procurar entender o passado da Instituição. O nosso patrimônio histórico tem o poder de promover viagens imaginárias no tempo.

Tudo isso foi perdido! Ou, pelo menos, foi removido do espaço que lhes era mais adequado. As paredes da antiga galeria atualmente estão destinadas à exposição de fotos que revelam momentos diversos, de maior interesse pessoal da Reitora do que de servidores, alunos e visitantes que ao transitarem por aquele espaço, obrigatoriamente se veem diante de um palco onde a mandatária tenta sobrepujar aos seus antecessores. até mesmo ao passado institucional, omitindo sua memória e riqueza histórica. .

Por ser um espaço estratégico, principal alça de acesso aos setores da Reitoria, o que nele é exposto não passa despercebido aos olhares curiosos, ou incrédulos, de quem por lá transita. A necessidade pessoal de ser mostrada e ser vista, comentada pelos seus feitos… em eventos como a Diplomação de Gil(Berto)Gil, com políticos e personalidades públicas, dá a ideia de apropriação, de demarcação do espaço que poderia muito bem ser batizado de "Cantinho da Reitora" ou “Mural da Reitora”. É o "narcisismo" emoldurado nas mais diversas poses em closes.

A consumação do apagamento do passado histórico institucional, já denunciado pelo Nas Entrelinhas, segue o seu curso sem qualquer manifestação, sem alguém que a repila. Os novos alunos e servidores, assim como pessoas que têm interesse em conhecer o nosso passado, já não terão mais à disposição ou com acesso facilitado, os veículos de viagens imaginárias e obrigatoriamente têm que se limitar a um espaço temporal histórico de quatro anos que representa unicamente as vivências da mandatária do Instituto.

As fotos e os fatos do passado histórico da Instituição, até pouco tempo em exposição (que era para ser permanente) na então Galeria de Dirigentes, mostravam a preservação da sua rica memória e a busca da compreensão do presente e do passado, que precisa ser preservado, para se projetar o futuro. Juntos, documentam os eventos significativos, institucionais e não pessoais, ao longo do tempo, permitindo que gerações futuras tenham acesso à magnífica história do Instituto.

Projeta-se um futuro não no sentido de preservar a memória institucional, mas a memória da imponente e majestosa mandatária.